A Congregação Israelita Paulista (CIP) recebeu, na última sexta-feira (6/5), a visita histórica do presidente da Alemanha, Christian Wulff. Acompanhado da primeira dama e de comitiva com 15 pessoas, a autoridade alemã participou de um bate-papo com líderes da comunidade judaica e relatou a boa relação vivida atualmente entre seu governo e judeus que vivem no país europeu. Representantes da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) e das principais entidades judaicas de São Paulo, além da Câmara Brasil-Israel de Indústria e Comércio, de empresários e do corpo diretivo da CIP participaram do encontro.

A presidente da Congregação, Dora Lúcia Brenner, abriu o evento agradecendo a importante presença do presidente, bem como dos demais. “Estamos honrados em receber essa marcante visita em nossa casa, que tanto acredita na liberdade e na tolerância”, disse Dora, que em sua fala de boas vindas contou sobre o começo da história da entidade, justamente com a chegada de judeus alemães fugidos da Segunda Guerra, há 75 anos.

Boris Ber, presidente da Fisesp, também enalteceu a importância do encontro. “Estamos extremamente satisfeitos e felizes com a realização desse evento, que permite estreitar ainda mais os laços da comunidade judaica com a comunidade alemã, auxiliando na construção de pontes de ligação fortes entre ambas”, celebrou. Seu discurso foi compartilhado pelo cônsul de Israel em São Paulo, Ilan Sztulman. “Já existe uma grande aliança entre o novo estado da Alemanha e o povo judeu. Esse encontro, porém, possibilita que esse elo seja ainda mais fortalecido”, afirmou.

Michel Pinkuss, filho do rabino-mor emérito Prof. Dr. Fritz Pinkuss z’l, que participou da fundação da CIP, saudou o presidente Wulff, destacando os avanços na relação entre os povos. “Percebemos que há um enorme reflorescimento da democracia alemã e nós judeus somos os primeiros a acreditar que essa democracia possa continuar crescente e se aprimorando cada vez mais”, disse.

Depois das saudações, foi aberta a possibilidade de uma rodada de perguntas ao presidente, por intermédio de uma tradutora. A boa convivência entre alemães e a comunidade judaica e a paz no Oriente Médio foram os temas mais abordados. Nas respostas, o presidente alemão disse apoiar e achar valiosa a cultura judaica. “Os alemães, fugidos ou não da guerra, trouxeram para o Brasil toda a sua riqueza judaica e aqui, com o apoio da CIP, puderam seguir cultivando esses valores, com toda a liberdade. Isso deve ser motivo de muito orgulho para vocês da entidade”.

Sobre a atual convivência com a comunidade judaica alemã, Wulff destacou a harmonia. “Estamos assistindo na Alemanha a revitalização da vida judaica. O número de sinagogas aumentou, muitas das quais inauguradas recentemente. Procuramos manter constantemente os laços estreitos com essa fantástica comunidade, e imagino que vocês, aqui no Brasil, fiquem muito felizes em saber sobre essa vitalidade judaica na Alemanha”, afirmou o presidente alemão, que seguiu. “A criação de Israel está diretamente ligada à Shoá. Por isso, nós, alemães, temos uma responsabilidade permanente na construção e manutenção dessa boa relação. Essa responsabilidade está, inclusive, sendo passada para as gerações vindouras, para que jovens possam crescer preservando a cultura da paz”.

Em sua resposta sobre a atual situação no Oriente Médio, Wulff afirmou “ser absolutamente necessário um acordo de paz para um problema que julga ser um dos mais complexos do mundo, e que tal solução passa pelo respeito e apoio à existência de Israel e também da Palestina”. Por fim, o presidente alemão ainda falou sobre a importância de promover intercâmbios culturais entre os jovens de diferentes países. “Já existe um movimento de intercâmbio entre os jovens da Alemanha e de Israel. Penso que o mesmo deveria acontecer com os jovens do Brasil. Nesse sentido, encontros como esse são muito positivos para auxiliar essa troca de cultura”.

Ao final do evento, o rabino da CIP, Ruben Sternschein, presenteou o presidente da Alemanha com uma chalá e um sidur. “A chalá ou o pão do Shabat expressa a harmonia entre todas as pessoas, e o sidur é o nosso livro de rezas. A oração é a expressão da esperança, com votos de que a paz e o respeito possam sempre prevalecer”, disse. A primeira dama também foi presenteada com uma flor, como símbolo de carinho e respeito da comunidade judaica pelo povo alemão.

No Brasil, o presidente alemão também foi recebido pela presidente Dilma Rousseff, inaugurou a nova Casa Alemã da Ciência e da Inovação e conheceu o museu de futebol no estádio do Pacaembu.