Tawfik Hamid

Partidos islamitas obtiveram uma maioria esmagadora, mais de 60%, dos votos no primeiro e segundo turnos das recentes eleições parlamentares do Egito.

Esta vitória dos islamitas egípcios, enquanto parece ser o fim das tribulações internas no Egito, pode resultar realmente em outra revolução. Desta vez, porém, esta revolução tem mais probabilidade de ser contra os próprios islamitas. A razão para isso é que, ao longo das últimas décadas, muitos grupos islamitas deram ao povo do Egito a impressão de que a aplicação das leis da Sharia islâmica vai resolver todos os problemas do país. A Irmandade Muçulmana deixou claro em seu slogan “o Islã é a solução”. Essas promessas – embora que ajudassem o grupo islâmico a vencer estas eleições – são consideradas de risco para eles também. Se os islâmicos não conseguiram oferecer soluções imediatas e rápidas para os problemas profundamente enraizados no Egito, os egípcios podem se revoltar contra eles.

Muitos egípcios têm sofrido durante anos e tornaram-se impacientes e, verdadeiramente, incapazes de esperar para ver melhorias significativas em seus padrões de vida. Vincular a palavra “Islã” à de “Solução” dos problemas do país vai fazer os egípcios esperarem uma solução “salvadora” para todos os seus problemas em um período muito curto de tempo. O fracasso dos grupos islâmicos em entregar uma solução tão “islâmica” provocará uma reação contra eles. É provável que as políticas pró-Sharia dos grupos islâmicos tais como a proibição dos biquínis e do álcool, vão piorar as coisas no país, vão arruinar a indústria do turismo e assim vão causa