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Os recentes acontecimentos sobre racismo no futebol brasileiro e internacional têm suscitado importantes debates em programas esportivos, na sociedade como um todo e nas esferas políticas também. Com a aproximação do maior evento esportivo mundial, a Copa do Mundo de Futebol, sediada no Brasil entre os dias 12/06 e 13/07, tem-se visto casos recorrentes de preconceito contra jogadores negros. Para tratar desse assunto, na última sexta-feira (14/3), o jornalista da Rádio Globo, Gustavo Zupak, foi convidado para ministrar uma palestra aos alunos do 9° ano, na unidade Madre Cabrini.

A palestra começou abordando o caso mais recente. Há cerca de 10 dias, o árbitro gaúcho Márcio Chagas, negro, apitou a partida entre Esportivo e Veranópolis, na Serra Gaúcha. Ao final do jogo, quando se dirigia ao estacionamento, viu o carro com bananas – inclusive no escapamento. “É inadmissível acontecer esses casos aqui. Logo o Brasil, que tem o maior jogador da história: Pelé. Um gênio da bola e negro como muitos outros grandes jogadores que saíram do nosso País”, comentou Zupak.

Gustavo também falou de casos de preconceito entre jogadores, citando o exemplo de Antônio Carlos, que atuava no Juventude, de Caxias de Sul, e acabou suspenso por quatro meses por ofender Jeovânio, do Grêmio, esfregando os dedos em cima do braço. Falou sobre o emblemático caso de Desábato, em 2005. O jogador chamou Grafite, à época jogador do São Paulo, de “macaco” e saiu algemado do estádio do Morumbi. “O Brasil é o país que tem o maior número de negros fora da África, não podemos mais permitir que isso volte a acontecer. Temos que eliminar esse problema para que as gerações futuras não sofram com isso”, explicou. “Na Europa, temos o caso de Luís Soares, jogador do Liverpool, que, após discussão com Evra, do Manchester United, afirmou não gostar de negros. Esse é um problema mundial. Soares foi severamente punido pela liga inglesa. O Brasil precisa tomar medidas cada vez mais enérgicas contra esse tipo de atitude”, afirmou.

O jornalista, que também é ex-aluno do Peretz, apresentou alguns casos de antissemitismo contra jogadores na Europa. “Temos que repudiar toda forma de preconceito. Não podemos aceitar que isso continue acontecendo”, disse aos alunos. A proposta da coordenadora de Ciências Humanas, Melanie Grun, é trabalhar com alunos do Ensino Fundamental II – mais especificamente do 9°ano – as diversas formas de preconceito. “A copa do mundo está aí e nós, brasileiros, conhecidos por ser um povo miscigenado, estamos vivenciando de perto o preconceito. O Colégio Peretz trabalha para formar cidadãos conscientes, pessoas que lutem contra toda forma de discriminação”, concluiu Melanie.

No final, bastante emocionado, o jornalista descreveu a sensação de retornar ao Peretz. Voltar 17 anos depois ao lugar onde aprendi o “beabá” da vida, a ler, a escrever e os valores que tenho foi especial. O papo foi ótimo e as crianças são muito inteligentes. Isso tudo sem falar da emoção que senti ao lembrar de cada cantinho e de cada memória daquele lugar que me formou como ser humano”, finalizou.