image

Em 2009, o Fundo Comunitário tomou a ousada decisão de criar o projeto Marcha da Vida Universitários
[learn_more caption=”Click here to learn more”] (MVU) para jovens de 20 a 30 anos. O projeto ecoou na juventude comunitária e, em sua primeira edição, contou com a participação de mais de 100 jovens, número que vem se mantendo. 


A Marcha é uma viagem cultural de 16 dias, que se inicia com o passado judaico na Polônia, passa pela República Checa (Praga) e chega a Israel. São dias de intensa vivência, que iniciam com as aulas preparatórias, mas cujo aprendizado, as emoções e as amizades continuam pela vida, como as histórias abaixo. 

Carolina Cohen, carinhosamente chamada de Carol, nunca estudou em escola judaica ou participou de qualquer movimento juvenil. Aos 24 anos, sua formação e sua identidade judaica, assim como seu amor por Israel tinham raízes na família, de origem sefaradita. Até que, em 2012, resolveu aprofundar sua vivência como judia e inscreveu-se na Marcha da Vida Universitários. Esta viagem, além de fortalecer seus vínculos com o judaísmo, com Israel e aumentar seus conhecimentos a respeito da trajetória do povo judeu na Europa durante a 2ª Guerra Mundial, mudou a sua história pessoal. Durante o programa, Carol conheceu Raphael Hasbani, Has, como é chamado pelos amigos, que viria a ser o seu marido. 

“O programa como um todo foi muito importante para mim, pois tive a oportunidade de aprender com profundidade sobre muitos temas que conhecia apenas superficialmente. Cada dia é único, passamos por lugares diferentes, ouvimos outros pontos de vista, levando-nos a sentir e a pensar. Um aspecto muito importante é o fato de que fazemos parte de um grupo no qual, apesar da diversidade, temos um forte denominador comum – as nossas origens judaicas. A Marcha não é uma viagem como outra qualquer, ela tem um programa, um cronograma e um objetivo”, diz Carol.

Carol e Has se conheceram seis meses antes da viagem, durante os encontros preparatórios do programa, quando são ministradas palestras e desenvolvidas outras atividades que, além de transmitir conteúdos do programa, ajudam a integração dos participantes. “Durante todos esses encontros, e durante os primeiros oito dias da viagem nós não tínhamos reparado na existência um do outro, até porque estávamos em grupos diferentes e fazíamos a maioria das atividades em separado. Nós nos encontrávamos de vez em quando, e eu inclusive conversava com os dois melhores amigos dele na viagem, mas nós nunca tínhamos sequer trocado olhares”, conta Carolina.

Durante a visita a Praga, eles descobriram que, apesar de serem ilustres desconhecidos até se inscreverem no programa, suas famílias eram muito amigas. “Várias coincidências aconteceram, descobrimos várias coisas em comum e fomos nós aproximando”, lembra Carol. 

Em 23 de fevereiro de 2014, quase dois anos após se conhecerem, Carol e Has se casaram na presença de suas famílias e dos amigos, muitos dos quais feitos durante a Marcha, começando um novo capítulo de sua história. Como enfatiza Carol, o aprendizado e a experiência ao longo da viagem não são deixados de lado, “acompanham-nos sempre e, muitas vezes, quando menos se espera, algo vem à lembrança. Quando me perguntam se a viagem valeu? Respondo rapidamente – em todos os sentidos”.

Histórias cruzadas

image

Renata Winik e Ariel Levy também se conheceram na MVU, em 2010. Ele era o médico do grupo e ela quase não foi, pois tinha a idade limite para participar. Diferentemente de Carol e Has, que começaram a se relacionar durante a viagem, a aproximação entre do casal aconteceu alguns meses após o retorno ao Brasil, quando ela foi a uma reunião de ex-participantes – Ariel não –, ela viu seu nome no vídeo sobre a viagem e decidiu entrar em contato com ele através de uma mensagem. Anteriormente, ele havia lhe telefonado para encaminhar-lhe um paciente, um menino de cinco anos, que precisava de tratamento odontológico – paciente que acabou não comparecendo na consulta. 

À mensagem para falar do vídeo seguiram-se de um jantar, um passeio de bicicleta, almoços, saídas noturnas e muitas e muitas mensagens. “Até hoje nós brincamos sobre quem paquerou quem primeiro. Eu acho que ele começou durante a Marcha, ele diz que foi o contrário. Brincadeiras a parte, a viagem foi maravilhosa, o grupo estava muito integrado, principalmente por causa dos encontros realizados ao longo de mais de dois meses. Como grupo, compartilhamos muitas emoções, momentos difíceis, alegres, mas foi uma experiência maravilhosa, diferente das minhas viagens anteriores a Israel”.
Em outubro de 2010, Renata e Ariel oficializaram a sua relação, era época de Rosh Hashaná. Em março de 2012, os jovens se casaram – o menino que faltou à consulta marcou presença na da cerimônia religiosa levando as alianças – e agora estão à espera de seu primeiro filho.

A história de Ricardo Frenkiel, atual coordenador da MVU, e de sua esposa, Carolina, também, começou na Marcha da Vida, não dos Universitários, mas na Marcha das Escolas Judaicas – promovida pelo FC, em 2008, quando Rick acompanhou o grupo de estudante como madrich e Carol foi como participante na Marcha dos Adultos. “ A paquera começou na van indo para o aeroporto e durante toda a viagem. Nossos grupos se cruzavam nos passeios, mas nunca tínhamos tempo de conversar de verdade, até que numa noite nos encontramos em Jerusalém e fomos conversando até o ônibus que esperava o grupo na Cidade Velha. Nos encontramos mais algumas vezes em Israel, mas o primeiro encontro de verdade aconteceu quando voltamos ao Brasil e, desde então não nos separamos mais”. Psicólogo por formação, ele se integrou à Marcha da Vida Universitários desde que foi criada e considera este um dos projetos mais importantes do FC, por várias razões. Entre as quais, o fato de atingir uma parcela significativa da juventude judaica que, de modo geral, não teve muita vivência comunitária – não estudou em escolas judaicas, não participou de movimentos juvenis ou frequenta qualquer sinagoga. Apenas cerca de 35% dos integrantes participam de alguma atividade ou instituição na comunidade. 

“A Marcha não é uma excursão turística, pois exige o comprometimento dos participantes, são realizados de oito a dez encontros, antes da viagem, nos quais são introduzidos temas diretamente relacionados ao programa: antissemitismo, história do povo judeu na Europa, ascensão do nazismo, sociedade israelense, tolerância, entre outros. Além da transmissão do conteúdo, também permitem a integração do grupo que, quando embarca, não é mais um punhado de estranhos que fazem juntos um programa. São judeus envolvidos com uma ideia que compartilham uma experiência importante para sua identidade judaica e para sua vida pessoal. Formam-se vínculos que, em maior ou menor grau, mantêm-se após o término da viagem”.

Em 2010, Rick e Carolina se casaram, 2 anos e meio depois veio o maior presente, Sophia, que esta com um ano e meio. No ano passado acompanhou diariamente, o papai, que estava com o grupo, via Skype. Rick acrescenta, o meu caso e da Carol, da Renata e do Ariel e da Carol e Has são apenas uma pequena amostragem de jovens que se casaram; há muitas outras histórias de amizades que nasceram durante a Marcha e se solidificaram no retorno. A Marcha da Vida Universitários registra, também, outro importante saldo positivo: de jovens que, ao retornarem, começam a se envolver com o trabalho comunitário. Começam a procurar e a descobrir as oportunidades que a comunidade oferece em vários campos”.

image

Fonte: Fundo Comunitário