Governador João Doria discursa

Sinagoga lotada, discursos emocionados, presença maciça de  público, autoridades e diplomatas, lideranças e de representantes de outras religiões, marcaram o  ato da comunidade judaica pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto realizado pela  Confederação Israelita do Brasil (Conib), Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisespe  Congregação Israelita Paulista (CIP), no domingo, 26 de janeiro, na Sinagoga Etz Chaim da CIP.

Cerca de 1100 pessoas, entre elas 27 diplomatas prestigiaram o  evento, que marcou os 75 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz e lembrou os seis milhões de judeus assassinados durante o Holocausto e as outras vítimas do nazismo. A noite contou com discursos, homenagens e o acendimento de seis velas por sobreviventes, autoridades políticas, líderes religiosos, institucionais e jovens.

No hall da instituição, aconteceu a exposição “História e Memória do Holocausto”, com curadoria de Ícaro Uriel Brito França e obras feitas por adolescentes que cumprem medida de internação no Centro Socioeducativo de Uberaba (CSEUR – MG), com releituras de poemas e pinturas da época do Holocausto.

Em seus discursos, o governador João Doria, o secretário de negociações bilaterais no Oriente Médio, Kenneth da Nóbrega, os presidente da Conib, Fernando Lottenberg e da CIP, Mario Fleck, e o cônsul de Israel em São Paulo,Alon Lavi, destacaram como mesmo após 75 anos da libertação dos campos de concentração, o antissemitismo continua crescendo  no mundo e a importância de não esquecermos esta barbárie para que ela jamais aconteça contra ninguém.  Também foi frisada a importância do ensino do Holocausto nas escolas, bem como a relevância do Estado de Israel para o povo judeu.

Governador João Doria e autoridades políticas acendem velas

Entre as autoridades, estiveram presentes o vereador Daniel Annenberg, representando o prefeito Bruno Covas, o secretário estadual de Relações Internacionais, Julio Serson, a secretária estadual de Desenvolvimento Social, Célia Parnes, o Comandante Militar do Sudoeste, General Marcos Antonio Amaro dos Santos, a vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, Maria Thereza de Assis Moura; o ministro do STJ, Joel Ilan Paciornik; o Brigadeiro Maurício Pazini Brandão, do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações,  os vereadores  Gilberto Natalini e Fernando Holiday, a deputada Janaina Paschoal e o ex-vereador Floriano Pesaro,  entre outros.

Fazendo alusão a  Elie Wiesel, no prefácio do livro escrito por David Wyman “O Abandono dos Judeus” o presidente da CIP, Mario Fleck,  frisou: “Como judeus, devemos lembrar a todos os povos que o antissemitismo não é um problema apenas dos Judeus, E como Judeus, devemos estar sempre ao lado certo da luta contra todos os tipos de discriminação e perseguição,  mas acima de tudo,  que lembremos sempre que a maior barreira de proteção que temos, para que o Holocausto jamais se repita e para que a memória de suas vítimas seja honrada, é a existência independente, soberana e forte, de um  Estado chamado Israel.

Sobreviventes do Holocausto e jovens acendem vela

“A lembrança do Holocausto é uma poderosa ferramenta educativa para sensibilizar e preparar as novas gerações – e também a sociedade em que vivemos – para trabalhar conceitos como o respeito e a diversidade. Solenidades como esta, estão sendo realizadas em vários Estados do Brasil e em diversos países, em todo o mundo.  Sua missão básica é contar e repetir essa página vergonhosa da história da humanidade, mostrar que nunca esqueceremos – e que faremos de tudo ao nosso alcance para que nunca mais aconteça nada parecido, conosco e com nenhum outro povo, minoria ou comunidade. Nossa missão é lembrar, ensinar e aprender com essa tragédia, para que possamos sonhar com um mundo melhor, onde seja inconcebível qualquer coisa semelhante ao que ocorreu na Shoah”, destacou o presidente da Conib, Fernando Lottenberg.

O governador João Doria destacou a firmeza e a profundidade dos discursos dos presidentes da CIP e da Conib, lembrou seus fortes laços com a comunidade judaica e frisou sua indignação com a fala antissemita do ex-secretário da Cultura Roberto Alvim. “Repudio o gesto, as palavras e a cena que um secretario do Governo Federal do meu país teve a capacidade de produzir. Ele deveria ser punido exemplarmente pela palavra daqueles que o convidaram a ocupar uma posição pública. Quero reforçar para que vocês contem com tudo esteja ao meu alcance para combater a intolerância, a injustiça, a inverdade, o ódio e as agressões em qualquer nível.

Tom Venetianer discursa

Tom Venetianer, presidente da Sherit Hapleitá do Brasil, Associação de Sobreviventes do Holocausto,   subiu ao palco representando os sobreviventes que participaram do ato e foi efusivamente aplaudido ao   fazer um clamor à juventude: “Jovens presentes, eis o apelo de nós que vivenciamos a Shoá. Se vocês visitarem o Memorial do Holocausto de São Paulo e ali conhecerem a nossa sofrida história e obtiverem as informações que os capacitem a participar deste hercúleo trabalho,  então a força do vosso idealismo e o vigor da vossa juventude nutrirão a promessa do nunca mais. Vamos nos unir para que possamos garantir a continuidade dessa missão. O “nunca mais” é agora e não pode esperar pelo amanhã que poderá vir muito tarde”.

O ator Sergio Mamberti, que estrela o drama sobre nazismo “O Ovo de Ouro”, recebeu das mãos do presidente da Fisesp, Luiz Kignel  uma placa pelos seus relevantes trabalhos artísticos.  A família da sobrevivente do Holocausto Rachela Gotthilf z’l, falecida em 2019, e que teve sua mãe e seus avós executados em um campo de extermínio nazista, também foi homenageada. Ambos foram presenteados com um certificado de plantio de árvores em Israel pelo KKL Brasil.

Luiz Kignel e o Rabino Michel Schlesinger entregam certificado do KKL ao ator Sergio Mamberti

A parte religiosa do evento ficou a cargo dos rabinos da CIP, Michel Schlesinger e Rogerio Cukierman e dos chazanim Avi Bursztein e Ale Edelstein, que entoaram o Kadish e o “El Male Rahamim”.   Ao final do evento , a jovem Camila Crespim, maskirá do Conselho Juvenil Judaico, convidou os presentes para a inauguração da mostra “Até o último suspiro”, realizada por jovens dos movimentos juvenis e que será inaugurada no dia 15 de março, às 16h30, no Memorial do Holocausto.

“Esse foi um evento feito pela comunidade judaica mas que buscou alertar a sociedade brasileira para que isso não se repita. Quando falamos em discriminação e intolerância, ela não é apenas contra os judeus. Lutar contra o preconceito é uma missão judaica, mas não é uma missão apenas para os judeus, mas sim para a sociedade maior. Prova disso foi a grande presença de autoridades e representantes de diversas religiões em nosso Ato, como o Cardeal Dom Odilo Scherer e a Monja Cohen, além de pastores evangélicos, clérigos muçulmanos e representantes de matizes negras e africanas”, concluiu o presidente da Fisesp, Luiz Kignel.

O rabino Michel Schlesinger recebe o Cardeal Dom Odilo Scherer

Ato Solene em Memória das Vítimas do Holocausto contou com o apoio da Agência Judaica para Israel, A Hebraica, Arq Shoah, B’nai B’rith, Beth- El, Comunidade Shalom,  Consulado Geral de Israel em São Paulo, Fundo Comunitário, KKL Brasil, Sherit Hapleitá, Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Pit Cult e Unibes.

O governador João Doria sentado com lideranças da comunidade judaica

Crédito fotográfico: Eliana Assumpção